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Departamento de Física
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Depoimento

Prof. Oderli de Aguiar

Falar sobre o DPF não é das tarefas mais fáceis para quem, como eu, passou mais de 40 anos nesse ambiente, convivendo com diferentes gerações de alunos e de professores e presenciando sua transformação em uma das unidades mais respeitadas na academia da UFV.

Certamente, desde sua fundação, o DPF já se prenunciava como um dos departamentos de maior potencial da UFV, dada a qualidade e seriedade de seus professores e alunos.

Assim sendo, a despeito de toda a emoção e saudade que permeiam as reminiscências de um passado para muitos distante, não posso me furtar (uma vez instado a fazê-lo) de contribuir com o relato de alguns momentos e algumas atividades que, a meu juizo, foram também importantes para a consolidação do DPF nesses 50 anos de existência, atribuindo à minha idade, de antemão, alguma indesejada omissão.

Quando assumi como docente, concomitantemente com os professores Fábio Hamilton Leão Jório e Ernesto von Rückert, o Departamento tinha cerca de 5 anos e poucos professores (Bento Vilar de Almeida, Jadir Nogueira da Silva, Luiz Carlos de Alvarenga, Sandra Maria Couto Moreira, Maria da Conceição Pinheiro e Mauri Fortes, estes dois últimos em treinamento no exterior).

Os gabinetes dos docentes, que antes se situavam no porão do “Prédio Principal”, quando as aulas de Física eram ministradas por professores de engenharia agrícola, em 1976 já ocupavam o segundo andar do antigo “Prédio da Química” e que hoje aloja a Diretoria de Tecnologia da Informação-DTI. Considerados à época como “os palestinos da UFV”, os docentes do DPF viviam migrando para outros espaços, à procura de sua sede definitiva. Além dos dois prédios já citados, o DPF teve gabinetes e instalações nos edifícios que abrigam ainda hoje a Biologia, a Nutrição, a Economia Doméstica e o Centreinar, além de espaço contíguo à sua atual localização.

No que concerne ao oferecimento das disciplinas do DPF, até então exclusivas dos cursos das área agrária e de economia doméstica, mostrava-se preocupante para os récem-chegados em 1976 que “aulas práticas” se limitavam a aulas de resolução de exercícios no quadro-negro. Assim, dada a inexistência de recursos financeiros específicos para aquisição, se fazia necessário a prospecção interna na busca de materiais e dispositivos que pudessem ser utilizados em atividades experimentais. Com a inestimável ajuda do Prof. Fábio, foram identificados alguns materiais com essas características e montados os primeiros laboratórios de Física Básica do DPF, que passaram a funcionar já no segundo semestre desse ano.

Essa lacuna de vivência em física fenomenológica também era visível nas escolas da região. Foi por isso que, no início da década de 80, o Departamento de Física lançou o Projeto MEFE – Metodologia para o Ensino de Física Experimental, que contou com um significativo aporte de recursos do MEC, por intermédio do pioneiro “Programa de Integração da Universidade com a Educação Básica”. Com esse financiamento, foram adquiridas várias máquinas operatrizes (algumas de grande porte e que até hoje são usadas no Departamento), foi montada uma espaçosa Oficina-Piloto no Centreinar e adquirido um grande volume de material de consumo, objetivando o desenvolvimento e reprodução em larga escala de equipamentos adequados ao ensino de Física e que seriam distribuídos gratuitamente a dezenas de escolas de ensino básico da região.

Esse primeiro “olhar” do DPF para a necessidade de sua interação com a realidade escolar e, em particular com os profissionais de educação envolvidos, por intermédio de inúmeros cursos de treinamento oferecidos, foram certamente fundamentais para o aperfeiçoamento da Licenciatura em Física, a essa altura já em oferecimento no bojo do antigo modelo do Curso de Ciências. Essas atividades, amplamente noticiadas à época pelas imprensas local e regional, ensejaram, inclusive, a visita ao DPF, em 1985, de Diretor da CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear, com o intuito de se estudar a viabilidade de replicação do Projeto MEFE em Angra dos Reis.

Essa visita foi também preponderante para o oferecimento pelo DPF, em 1986, do seu primeiro curso interdisciplinar de extensão, o “I Ciclo de Estudos de Energia Nuclear da UFV”, com atividades teóricas e práticas e com a participação de técnicos da CNEN e de professores da UFV, USP e UFRJ.

Paralelamente a essas atividades de ensino e extensão voltadas à educação básica, o DPF trilhava os primeiros caminhos no que tange à pesquisa em Física Aplicada em engenharias agrícola e mecânica, sob a liderança do brilhante Prof. Mauri Fortes, bem como por intermédio do Prof. Inácio Malmonge Martin, contratado em 1985 e oriundo da UNICAMP e ITA, e que monitorava radiação ionizante utilizando balões estratosféricos.

Voltando à área de apoio ao ensino básico, o DPF continuou atuando por mais uma década por meio, dentre outros, do “Programa de Ação Conjunta para a melhoria do ensino fundamental no estado de Minas Gerais” e do “Programa Mão na Massa”, este último coordenado pelo Prof. Evandro Ferreira Passos. Também participou efetivamente, por mais de 5 anos, da licenciatura de centenas de professores em exercício em quase 200 cidades de MG. Todos esses programas foram executados por intermédio de convênios específicos com a Secretaria de Estado da Educação de MG.

Por outro lado, com o apoio do então Ministério da Ciência e Tecnologia, no contexto do Programa “Consolidação das Licenciaturas da UFV e de seu Programa de Ação Integrada junto ao Ensino Básico”, já em meados da década de 90, o DPF, com destacada colaboração do Prof. Orlando Pinheiro da Fonseca Rodrigues, instrumentalizou seu primeiro laboratório de ensino de Física Moderna, com a importação de equipamentos da Alemanha e Estados Unidos.

Todas essas ações de vanguarda do DPF na área de ensino foram, sem dúvida, norteadoras do envolvimento de outros departamentos da UFV (DMA/DEQ/DBG e DEF, dentre outros) em programas institucionais como, por exemplo, o PIECIM – Programa Integrado de Ensino de Ciências e Matemática e as “Licencituras Parceladas”.

Desafortunadamente, esse envolvimento do DPF nessa área sofreu um declínio, a partir do final da década de 90, pelo falecimento prematuro, no mesmo ano, de dois de seus pioneiros, Profs. Fábio Hamilton Leão Jório e Luigi Toneguzzo, e pela impossibilidade de recomposição e fortalecimento do então chamado “grupo de ensino”.

Cumpre-me destacar também que a efetiva participação do DPF no contexto universitário não tem ocorrido apenas nas salas de aula do campus, nos laboratórios de pesquisa ou nas suas atividades extensionistas. Dadas a seriedade, competência e espírito institucional de seus docentes, o DPF tem contribuído também na administração superior, quase que de forma ininterrupta desde a década de 80 até o momento atual. Seus docentes têm sido dirigentes da COPEVE – Comissão Permanente de Vestibular (Profs. Ernesto von Rückert, Oderli de Aguiar, Vicente de Paula Lélis, Luiz Carlos de Alvarenga e Orlando Pinheiro da Fonseca Rodrigues), da Diretoria de Registro Escolar (Profs. Ronaldo Luiz Neves Pinheiro e Vicente de Paula Lélis), do CTG – Conselho Técnido de Graduação (Profs. Ernesto von Rückert, Oderli de Aguiar e Vicente de Paula Lélis), do Gabinete do Reitor (Profs. Ernesto von Rückert e Oderli de Aguiar) e da Pró-Reitoria de Ensino (Prof. Vicente de Paula Lélis), bem como assessores da Pró-Reitoria de Pós-Graduação (Prof. Ricardo Reis Cordeiro) e Pró-Reitoria de Ensino (Prof. Sukarno Olavo Ferreira). Além disso, têm atuado externamente no MEC e Conselho Estadual de Educação de MG (Prof. Oderli de Aguiar), dentre outros órgãos externos.

Para não tornar prolixo meu depoimento, não me prolongarei além das décadas iniciais de vida do DPF, mesmo porque certamente depoimentos mais gabaritados tratarão das suas fases moderna e contemporânea.

Só gostaria de reiterar, nessa oportunidade, o orgulho de ter podido contribuir, mesmo que modestamente, para o crescimento do DPF. Regozijo-me também por ter convivido nessas 4 décadas com seus docentes e alunos, alguns docentes/ex-alunos dos quais me orgulho particularmente, nos dias mais importantes de minha vida.

Finalizando, quero parabenizar a oportuna iniciativa do DPF de comemorar seus 50 anos de criação, quando certamente serão destacados os docentes que contribuíram com o seu crescimento. Permitam-me lembrar que em 1926, por ocasião da fundação da UFV, o então Presidente da República Artur Bernardes enfatizava que “os contemporâneos não perdoam o merecimento, mas a posteridade o reconhece”. Assim, espero que essa iniciativa do DPF contrarie Bernardes ao antecipar-se à posteridade e reconhecer as contribuições daqueles que por aí passaram e que, de uma forma ou de outra, possam ser referenciais para os atuais e os futuros docentes desse Departamento.


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