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Depoimento

Anna Lúcia Silveira Rodrigues – Geofísica Pleno da Petrobras

Vou deixar aqui meu depoimento na visão de aluna da graduação em Física entre os anos de 2003 e 2007. São muitas lembranças que misturam a vida pessoal e a de estudante, momentos bons e outros não tanto. Apesar disso, o sentimento maior que tenho deste período é de muitas saudades.

Começo contando essa breve passagem minha pelo DPF mencionando o dia em que soube que iria cursar o curso de Física na UFV. Lembro que o resultado do vestibular saiu antes do previsto e por isso eu não estava compulsivamente olhando na internet se havia alguma notícia, mesmo porque na época não era lá muito acessível fazer isso. Era um dia comum na casa dos meus pais em Janaúba, quando recebi uma ligação da secretária da escola onde estudei, me parabenizando por ter passado no vestibular. Como ela não havia dito qual, pensei que se referia a outro, do qual eu já sabia o resultado, e agradeci. Ela percebeu que eu não tinha entendido e disse: “Não, você passou em Física, na UFV”. Não posso mentir dizendo aqui que não fiquei grandemente orgulhosa de mim (quem não?). Sair da minha cidade natal, cursar a graduação em Física (disciplina pela qual tinha um encanto) numa universidade federal que foi muito indicada pelos meus professores do ensino médio era uma felicidade difícil de conter. Fiquei em êxtase pelos dias seguintes. Muita coisa na minha vida mudaria dali para frente e de alguma forma eu sabia disso. Em fevereiro de 2003 fui à UFV pela primeira vez para a matrícula e a sensação era de encanto com a linda universidade.

Em março de 2003 começaram as aulas. Muitas novidades, comuns à vida de qualquer calouro. Eu tentava prestar atenção em tudo, tanto nas disciplinas como nos comportamentos das pessoas. A UFV reúne pessoas de muitas culturas e havia muito o que aprender. Havia inseguranças que eram criadas pela fama do curso e muito difundidas pelos alunos da própria graduação ou fora dela. Eram coisas que realmente preocupavam. Mas após alguns dias de aula com meus professores do primeiro período, Ismael e Sukarno, senti que o segredo era me dedicar. Não que isso fosse uma tarefa fácil, não quero parecer arrogante; quero dizer que era possível seguir adiante e que para isso era necessário seguir o ritmo das aulas para deixar a matéria em dia.

Lembro de inicialmente ir com frequência ao CAV (Clube de astronomia de Viçosa), onde havia disponíveis vários experimentos direcionados ao ensino médio. Lá assisti episódios em VHS da série Cosmos do Carl Sagan e olhei pela primeira vez num telescópio. Pensa na emoção em ver Saturno, mesmo que “borradinho”! Não lembro o nome completo, mas os veteranos Sandro e Marcelo nos recebiam no CAV e era ótimo estar lá. No primeiro período é onde também fazemos amigos, muitos deles para a vida toda, como a Juliana, o Jaziel, o Samuel, a Fernanda, o Alex, o “Zé da Física”… a lista é grande. Também na graduação conheci meu esposo, o José Eduardo.

No segundo período, fui recebida pelo professor Ismael para trabalhar em seu projeto de simulação de fraturas em materiais fibrosos. Eu ainda não tinha experiência em programação e lembro da sua paciência em me ensinar em pseudocódigo, numa folha de papel, como calcular o expoente de Hurst de um perfil de papel rasgado. Após cada encontro semanal de sua orientação, eu ia para a sala do GISC (Grupo de Investigação de Sistemas Complexos) tentar reproduzir em Fortran o que ele me ensinava. Lentamente, mas com paciência e persistência, o modelo que fizemos foi incrementado ao longo dos anos da graduação e o usamos na minha monografia. Mais do que material para a monografia, foram anos de aprendizado em programação, com raciocínio, de olhar crítico para resultados, e que de certa forma uso até hoje.

Ainda no segundo período, lembro das aulas didáticas do simpático professor Toninho. Transmitia tranquilidade na disciplina de Física 2 e mostrava que não era tão difícil quanto parecia. Um bom professor faz isso, mostra o caminho. Tenho certeza de que muitos colegas tiveram mais confiança para enfrentar o que viria pela frente na graduação após a experiência com suas aulas.

Nas aulas de laboratório, lembro do cuidado com que tudo tinha que ser feito. Éramos muito cobrados pelas medidas, análises, relatório. A propósito, não era só nas aulas de laboratório que éramos muito cobrados, como também nas disciplinas teóricas, o que era visível no conteúdo e na correção das provas. Parecia perfeccionismo e era cansativo na época, mas me formou para ser uma profissional cuidadosa.

Passei por um momento muito delicado com o falecimento do meu irmão enquanto eu cursava o quinto período. Perdi algumas provas e meus professores demonstraram sensibilidade ao reaplicá-las. Aquilo teve um grande significado de acolhimento para mim. Sou grata ao Marcos Couto e ao Sukarno neste momento difícil.

Nas disciplinas do final de curso destaco as excelentes aulas dos professores Afrânio, Marcelo Lobato e Sílvio. Os trabalhos realizados nestas disciplinas, somados ao tema da minha iniciação científica, foram base para minha pós-graduação na UFMG.

Apesar da cobrança notória, não enxergava isso como exagero na cultura do Departamento. Entendo que o propósito era a transmissão e a certificação de um ensino de qualidade.

Deixo aqui minha gratidão, minhas saudades, e meus votos por prosperidade para o Departamento de Física da UFV.


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