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Nota em homenagem ao Prof. José Arnaldo Redinz

É com imenso pesar que informamos o falecimento do Professor José Arnaldo Redinz, ocorrido no último sábado, 16 de setembro de 2023, aos 58 anos. Zé, como era comumente chamado pelos colegas, era professor titular do Departamento de Física (DPF) da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e foi um membro fundador do Programa de Pós-Graduação em Física da UFV. Professor brilhante, com uma maneira muito peculiar de lecionar as aulas e um dom muito raro de fazer qualquer teoria ou conceito físico parecerem triviais, exerceu uma profunda influência em todos estudantes que tiveram oportunidade de serem seus alunos em quase três décadas de atuação na UFV, especialmente naqueles que seguiram a carreira docente. Como legado de sua grande dedicação ao ensino de Física, deixou excelentes livros de Física Básica (Mecânica e Eletromagnetismo) — que ele disponibilizava para os estudantes, mas nunca foram publicados —, onde vários traços de sua didática impecável podem ser observados. A sua partida deixa um grande vazio em nosso Departamento e representa uma grande perda para o ensino na UFV. Todos os colegas do DPF/UFV se solidarizam com a família do Zé neste momento de dor.

Abaixo segue um texto de despedida redigido pelo professor Marcelo L. Martins (DPF/UFV).
A morte que a vida está sempre armando levou, na madrugada de sábado 16/09, nosso compadre José Arnaldo Redinz. Ficam esposa, Denise, e filha pequena, Iara, para lembrar e continuar seu legado. Ficaram seus colegas no dever de honrar e prosseguir seu trabalho. O compadre Zé Arnaldo era moço novo, tinha 58 anos, e gente sabida: graduado pela UFES (1990), mestre e doutor em física pelo CBPF (1993 e 1998), sob a orientação da pesquisadora Aglaé Cristina Navarro de Magalhães. Publicou mais de duas dezenas de artigos científicos que tratam de transições de fase em sistemas de spin na rede, fractais, crescimento de interfaces, eletromagnetismo e ensino de física. Orientou três dissertações de mestrado e uma dezena de trabalhos de conclusão de curso e estágios de iniciação científica. Porém esses números não são moedas de troca no sertão das Minas Gerais. No sertão o que vale é coragem, lealdade, determinação para realizar um sonho. É ter projeto coletivo para além da veleidade ou vaidade própria. O compadre Zezinho veio cedo para Viçosa, era 1995. Ele abraçou um sonho e se tornou um dos pioneiros da física num “pano de mato” das Gerais. Foi mestre e operário na construção do Departamento de Física da UFV, seu laboratório de Física Computacional, sua graduação e pós-graduação. Construir não é achar pronto e usufruir de imediato. Construir é apostar no futuro e preparar o campo para aqueles que virão. Entregar-se em sacrifício para o deleite dos próximos. O Zé dedicou toda vida a este plano e formou família. Tocou muita gente, forjou algumas delas com poucas palavras, muito zelo e rigor de modo que as vezes parecia severidade. O Zé sabia que isto era preciso porque no sertão o pensamento da gente deve se tornar mais forte do que o poder do lugar. Assim falava Guimarães Rosa, o João. “O senhor sabe: sertão é onde manda quem é forte, com astúcias. (…) Deus mesmo, quando vier, que venha armado! E bala é um pedacinhozinho de metal…” O Zé Arnaldo veio com caráter e ideais inabaláveis, e brilhou muito iluminando o sertão que é do tamanho do mundo.

Segue ainda mensagem de homenagem elaborada por ex-alunos do Prof. Zé Arnaldo.

“Prezadas e prezados do Departamento de Física da UFV,

Foi com muito pesar que recebemos a triste notícia do falecimento do prof. Zé Arnaldo. Escrevemos as palavras abaixo para que, de certa forma, fique clara a estima que nossas turmas tinham, e ainda têm, pelo Zé Arnaldo.

José Arnaldo Redinz, ou Zé Arnaldo, lecionou diversas disciplinas para nossas turmas, desde Física “básica” até disciplinas avançadas e pós-graduação. Com suas características peculiares, quem o via “de fora” podia pensar que era um docente razoável ou mesmo ruim. Seu jeito “rabugento”, suas piadas irônicas “estranhas”, seu comportamento aparentemente distante, seu estilo de se vestir bem peculiar… Mas pra quem estava “de dentro”, era bem diferente.

Um professor muito acima da média, comprometido com o ensino e com os estudantes, todos rapidamente percebiam que o Zé era o oposto do que nos vendiam nas aulas teóricas de didática. E como podia ele, mesmo assim, ser tão brilhante ao ensinar? Não sabemos a resposta, mas caso soubéssemos, seríamos docentes muito melhores.

Palavras de um colega, hoje professor: “Na tentativa de entender minimamente como o Zé ensinava, trago comigo muitos trejeitos, exemplos e analogias descaradamente copiadas (veja bem, não digo apenas influenciadas ou inspiradas) do Zé. Já tirei e guardei cargas elétricas imaginárias nos bolsos, já girei meus braços ao redor dos ombros para representar o vetor posição de uma partícula e também já praguejei ao tropeçar em frente à turma. Os alunos gostam, ou parecem gostar. Pena que somente terão acesso a essa imitação vulgar e barata do verdadeiro Zé Arnaldo, enquanto sigo tentando entender o que o fazia ímpar.”

Além da sua didática única e brilhante, trabalhava em pesquisa e se dedicava aos estudantes de iniciação científica. Seus textos são usados por vários de nós, tanto os didáticos (como o excepcional de fundamentos de Eletromagnetismo) quanto os de pesquisa (como o do passarinho nas linhas de transmissão: https://www.sbfisica.org.br/rbef/pdf/v20_339.pdf).

Temos certeza que de certa forma Zé Arnaldo continuará seu trabalho através de nossas aulas.

Desejamos força para a família e amigos.

Um abraço, estudantes das turmas de Física de 2000, 2001, 2002″


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